O que plástico desnecessário e Fake News tem em comum?

Recentemente falamos por aqui no blog, como o consumo de plástico no nosso dia a dia aumentou devido ao nosso cansaço. Longas jornadas de trabalho, junto a horas no trânsito, somado a duplas jornadas com os trabalhos de casa e família, nos levam a buscar praticidade e essa praticidade vem embrulhada em plástico.

É cada vez mais comum vermos vegetais ralados prontos para apenas serem temperados, dentro de uma bandeja de isopor, ou frutas já descascadas envoltas em plástico filme. Isso sem nem falar dos ultraprocessados, que apelam não só para a praticidade mas também para a indulgência.

É sabido que boa parte dos ultraprocessados não são a escolha mais saudável para se colocar na mesa, porém, quanto menos tempo livre temos, mais buscamos alimentos indulgentes que aumentem nossa serotonina (vulgarmente conhecida como o hormônio da alegria).

Em resumo, quanto menos tempo nos sobra, mais recorremos a produtos prontos, que não nos tire nossas poucas horas de descanso e nos proporcione uma experiência minimamente prazerosa.

Mas e se eu te dissesse que esse comportamento se estende a muitas outras coisas que consumimos? Um grande exemplo é a informação!

Enquanto vemos mercados embalando cada vez mais seus produtos, com a notícia não é muito diferente. A contemporaneidade faz da informação algo obrigatório no nosso dia a dia, muitas vezes nossos trabalhos dependem de nos mantermos informados. Porém, a falta de tempo também distorce essa necessidade.

Da mesma forma que não temos energia para cortar legumes, lavar o arroz e cozinhar o feijão todos os dias, também não conseguimos ler grandes artigos embasados e com referências, na quantidade que nosso dia a dia nos exige.

É aqui que surgem as manchetes auto explicativas

Há cerca de 10 anos, o Facebook era uma das principais redes sociais do momento, lá os usuários descobriram que poderiam ter acesso a notícias de seu interesse de forma rápida, já que seguiam os meios de comunicação e o algorítimo também filtrava os assuntos para o usuário.

As manchetes “completas” começam a fazer sucesso, títulos que são “compartilháveis” ainda que não se lesse a matéria, uma espécie de fake new não pela matéria jornalística, mas pelo compartilhamento baseado apenas em seu título. Hoje, o facebook até mesmo avisa que você  está compartilhando o material sem lê-lo, mas há 10 anos isso não acontecia.

O segundo passo, foram notícias “mastigadas”, o usuário até abre o artigo, mas não encontra mais de 3 parágrafos, sem nenhuma fonte ou embasamento, apenas opiniões fantasiadas de informação imparcial.

Precisamos entender Algoritmo

O algoritmo é um facilitador que nos faz entender nossas redes como algo personalizado, só nosso. Isso porque ele é um  conjunto de critérios e cálculos programados a te mostrar conteúdos baseados nos seus clicks na rede social. Ou seja, se você gosta muito de conteúdos sobre gatinhos, o algoritmo vai te mostrar cada vez mais páginas e vídeos sobre eles.

Além de te fazer chegar com mais facilidade no conteúdo que te interessa, o algoritmo também ajuda as marcas a encontrarem o público interessado em seu produto, então através do seu comportamento online, determinadas propagandas podem ou não aparecer para você.

É assim que as fake news patrocinadas, ou seja, notícias falsas que levam investimento para veiculação em redes sociais, chegam em usuários mais propensos a compartilhá-las.

Você sabe a semelhança entre plástico desnecessário e fake news?

Agora já entendemos que a falta de tempo nos faz buscar praticidade, assim como na vida física, apelamos para produtos prontos ou pré prontos embalados em plástico, na vida digital buscamos notas curtas que nos satisfaçam de informação o quanto antes.

É como se não apenas a informação estivesse “enlatada (ou plastificada)”, mas também como se ela fosse perfeita para quem lê. Uma fake new não te dá muito espaço para refletir, apenas ler, concordar e compartilhar com pessoas que você acredita que possam concordar também.

Digamos que uma fake new se assemelha a um ultraprocessado, consumo prático, rápido e eleva por alguns segundos nosso nível de satisfação em um artigo online.

É assim que exportamos nossos comportamentos na vida offline para o digital, ultraprocessando e embalando informações, como fazemos com alimentos e tantos outros produtos.

Texto escrito por Yara Oliveira