Lentes de contato: Uma ameaça quase invisível

Segundo dados da Sociedade Brasileira de Lentes de Contato, Córnea e Refratometria, 8,5 milhões de brasileiros usam lente de contato. Geralmente as lentes são feitas de gás permeáveis e híbridas. As lentes são de uso diário e descartáveis, porém pouco se fala do descarte correto desse material e seu impacto ambiental.

Segundo a médica oftalmologista Helena Maria Costa Oliveira, as lentes de contato são ferramentas importantes dentro da oftalmologia, por sua variedade e possibildiade de se adaptar a trantamentos específicos.

Ela permite, por exemplo, a correção óptica e a reabilitação visual de pessoas que apresentam graus muito elevados, que tem grande diferença de graus entre os olhos (o que dificulta o uso dos óculos), que tem doenças da córnea com deformidades importantes, como no ceratocone, por exemplo.

Pode ser usada por bebês que nascem com catarata e precisam ser operados; nessa situação a lente irá permitir o desenvolvimento visual dessas crianças. Pode ser indicada também com o objetivo de proteção da superfície do olho, fazendo parte do tratamento de doenças crônicas como olho seco.(Helena Maria da Costa Oliveira)

O tempo máximo de uso de uma lente, pode variar de acordo com o fabricante, é comum que a durabilidade média quando bem cuidadas seja de um ano, seguindo essa lógica, pelo menos 8 milhões de pares de lentes de contato são descartadas anualmente só no Brasil.

Alguns dados apontam que nos Estados Unidos, cerca de 20% das lentes são jogadas em pias e vasos sanitários, nesse caso elas podem ir direto para rios e oceanos, já que o tamanho faz com que elas não passem pelas estações de tratamento. E esse comportamento se replica no Brasil.

Assim, depois de sair do seu olho, pode ser que as lentes acabem voltando para o seu corpo na forma de microplásticos, que é o formato no qual elas acabam seu ciclo de vida quando são descartadas incorretamente.(Maria Luiza, Biodescarte)

Segundo Charles Rolsky, pesquisador senior no The Shaw Institute de Maine, Estados Unidos, as lentes de contato podem parar diretamente no solo, em fertilizantes ou serem queimadas, isso quando descartadas de forma incorreta. Cada destino tem um impacto diferente. Quando no solo, o microplástico proveniente das lentes pode atingir lençóis freáticos contaminando a água, ou até mesmo acabar servindo de alimento para minhocas e outros animais, podendo causar a morte deles. Já quando queimadas liberam gases que colaboram com o efeito estufa.

A médica Helena Maria conta que as alternativas para lentes não são muitas e podem depender de cada caso, sendo o uso de óculos ou a cirurgia de correção algumas das soluções. Porém,a diminuição do uso das lentes não é uma alternativa para muitos, nesse caso o essêncial é a conscientização do descarte correto do material, mas a oftalmologista diz que isso não é muito comum no meio. Helena também chama atenção para o uso banalizado das lentes e reitera que elas só podem ser utilizadas sob a orientação de um médico oftalmologista.

Ainda que pouco conhecidas, as soluções para esse problema já existem. Algumas empresas, como a Coopervision, têm trabalhado com o descarte desse material através da política de neutralidade de plástico. Todo o material usado nas lentes, no blister onde ela fica armazenada, na caixa, tinta, adesivo e filme protetor são somados. Eles adquirem créditos com empresa que trabalha na coleta de plásticos, referentes ao peso desse material, e esta recolhe a quantidade igual de plástico dos oceanos.  

Já a Johnson e Johnson vem trabalhando com reciclagem de até 90% da sua matéria prima, embalagens de papel sustentável e redução do consumo de carbono na fabricação e no transporte das lentes, por exemplo. 

Aqui no Brasil no intuito de ampliar as ações de sensibilização ambiental em recursos hídricos, disseminando informações sobre o descarte correto e adequado de lentes de contato e suas embalagens, a Univille, em parceria com o Instituto de Oftalmologia de Joinville e o Comitê Babitonga, elaborou o Projeto de Sensibilização Ambiental “Descarte adequado de lentes de contato” de forma a fomentar a preservação e conservação dos recursos naturais através do descarte correto de resíduos.   

O instituto chama a atenção para o fato de que, mesmo se descartadas no lixo reciclável, as lentes podem escapar na hora da coleta seletiva. Por isso é importante se pensar em logística reversa e pontos de coleta especializados.

O projeto prevê a realização da instalação e manutenção de pontos de coleta (ecolentepontos) de lentes de contato e suas embalagens, através de locais estratégicos na cidade de Joinville/SC. Além disso, serão realizadas ações de mobilização e sensibilização ambiental, por meio de campanhas presenciais de divulgação, com stands expositivos e profissionais aptos a orientar a população.

Como vimos, são muitos os impactos que as lentes de contato descartadas de forma incorreta podem causar ao meio ambiente, infelizmente é um assunto pouco difundido, mas que merece cada vez mais espaço. Lente de contato também é plástico e cabe a nós cobrarmos logística reversa, e fazer o descarte correto do material.

Texto escrito por Yara Oliveira

Seja você também a Voz dos Oceanos!

Nos acompanhe nas redes sociais:

Instagram | Tiktok | Facebook | YouTube | LinkedIn