A cozinha do futuro é saudável e sustentável
A Dra Mirele da Silveira Vasconcelos tem 41 anos, é professora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) e idealizadora do projeto Nutringredientes , focado em alimentação saudável e sustentável. Graduada em Engenharia de Alimentos, na Universidade Federal do Ceará (UFC), continuou sua vida acadêmica, tendo mestrado e doutorado na área de Bioquímica Vegetal, no Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular da UFC e outra graduação em Nutrição pela Universidade de Fortaleza.
Sua jornada começa com o interesse pela área da saúde, especialmente ligada a alimentação e nutrição. A partir disso ela se aprofunda no conhecimento de alimentos funcionais de origem vegetal e de seus compostos bioativos na saúde humana, se dedicando a alimentação saudável em interface com a promoção da saúde humana e qualidade de vida com sustentabilidade.
A paixão pela alimentação, saúde e sustentabilidade, foi a inspiração para o projeto nascido em 2020, Nutringredientes. Um trabalho iniciado em maio de 2020 como projeto de Iniciação Tecnológica de base extensionista com produção de materiais didáticos informativos digitais sendo de extrema relevância como estratégia de Educação Alimentar e Nutricional bem como na promoção da saúde. As redes sociais são plataformas democráticas e essênciais para a divulgação e acesso desse conteúdo produzido no projeto. Tendo instagram, facebook e canal no youtube, além de ebooks em pdf para download gratuito.
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Com linguagem acessível, o Nutringredientes divulga informações científicas sobre alimentos vegetais, além do potencial dos compostos bioativos e receitas à base de plantas, trabalhando a saúde humana e a sustentabilidade planetária em conjunto. Envolve ensino, pesquisa e extensão, através da interação da academia, pesquisadores e comunidade.
O projeto incentiva a promoção da saúde de forma colaborativa e multidisciplinar, envolvendo professores e pesquisadores nacionais e internacionais. Fornece informações adequadas e úteis à sociedade frente ao consumo de alimentos vegetais, especialmente no tocante à importância de embasamento científico com fontes fidedignas e linguagem acessível.
Nos últimos anos tem havido uma tendência crescente de padrões de consumo de alimentos mais saudáveis e minimamente processados, como o aumento no consumo de alimentos de origem vegetal juntamente com o crescente reconhecimento de seus valores nutricionais e terapêuticos. Essa expansão reflete o maior interesse do consumidor pela funcionalidade dos produtos, além da busca do mercado por práticas de proteção ambiental. (Mirele da Silveira Vasconcelos)
O que a alimentação tem a ver com a proteção ambiental?
Uma dieta rica em alimentos à base de plantas e com menos alimentos de origem animal confere benefícios à saúde e ao meio ambiente (Willett, 2019)
A gastronomia sustentável vai além dos ingredientes que compõem uma receita, ela se preocupa com o impacto ambiental da origem desse ingrediente, até seu preparo.
Com atenção ao desperdício de comida, consumo consciente de produtos em risco de extinção, coleta seletiva e reaproveitamento de alimentos. Partindo do conceito One Health que engloba a saúde animal e a saúde do planeta, podemos então compreender essa relação como uma Saúde única.
Não basta passar informações científicas sobre os benefícios nutricionais de determinado alimento ou a importância para prevenção das doenças; as pessoas precisam estar motivadas para mudar seu padrão alimentar. Um futuro sustentável só será possível se as pessoas tiverem essa motivação, de mudarem a si mesmas e promover mudanças positivas coletivas em nosso planeta. (Mirele da Silveira Vasconcelos)
Desembale menos
A transformação para dietas saudáveis até 2050 vai exigir mudanças substanciais. O consumo geral de frutas, vegetais, nozes e legumes terá que duplicar, e o consumo de alimentos como carne vermelha e açúcar terá que ser reduzido em mais de 50%.
É necessário incentivar o consumo de uma dieta vegetal desde a infância, para que ela perdure até a idade avançada. Além do resultado direto a saúde, previnindo doenças crônicas, os fitoquímicos, uma diversidade de compostos naturais encontrados nos alimentos de origem vegetal (folhagens, legumes e frutos), exercem papel importante no metabolismo e mostram ainda um efeito sinérgico, o que reforça a importância de consumir diferentes fontes numa dieta adequada.
Além disso, quanto mais você descasca seus alimentos, menos embalagens começam a fazer parte do seu dia a dia, diminuindo a geração de resíduos sólidos não orgânicos. É uma maneira saudável de diminuir sua pegada de resíduos no meio ambiente!
Um futuro sustentável só será possível se as pessoas tiverem essa motivação, de mudarem a si mesmas e promover mudanças positivas coletivas em nosso planeta. (Mirele da Silveira Vasconcelos).
O que o Brasil nos reserva
Em outubro desse ano, a Dra Mirele esteve no XXVI Simpósio de Plantas Medicinais do Brasil, em Santarém na Amazônia. Durante sua visita no estado, ela trouxe aprendizados de pesquisas recentes com produtos e bioprodutos alimentícios ou cosméticos-farmacêuticos que fazem parte da biodiversidade brasileira.
Além de descobrir ainda mais da biodiversidade local, o intercâmbio de conhecimentos foi muito importante para seu momento acadêmico e seus projetos, assim podendo compreender a importância de se aliar o conhecimento tradicional das comunidades ao conhecimento científico sobre o uso de plantas medicinais em prol da saúde humana.
Quando perguntada sobre os próximos passos, Mirele diz que quer continuar divulgando a ciência na sociedade, seja através da produção científica ou da pesquisa aplicada com alimentos e plantas medicinais. Atualmente estamos trabalhando na área da saúde de comunidades étnicas para traduzir a Sabedoria Tradicional em Inovação Científica.
Texto escrito por Yara Oliveira
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