Como as mudanças climáticas afetam nossa saúde mental.

As mudanças climáticas são resultado de muitos fatores diferentes, do individual até a escala industrial. A poluição de biomas causada por resíduos sólidos, líquidos e gasosos, são responsáveis pela morte de diversas espécies animais, vegetais e fúngicas, afetando o planeta até mesmo em escala geológica!

As notícias diárias de perda de biomas inteiros, branqueamento de corais, queimadas, extinção de espécies e tantos outros problemas causados pelo descuido ao planeta, não só informam, como também nos tornam pessimistas em relação à reversão desse cenário. Por isso vamos além, precisamos conversar sobre saúde mental em tempos de clima extremo.

Muita coisa pode interferir na saúde mental para além de sentimentos como: equilíbrio financeiro, segurança de moradia, acesso ao entretenimento e tantos outros direitos básicos. Podemos colocar o desconforto, racismo e desesperança climática nessa lista.

Segundo pesquisa feita pelo PNUD, universidade de Oxford e Geopoll, 56% das pessoas pensam em clima pelo menos uma vez ao dia, quando acontece de forma extrema, isso é chamado “Ecoansiedade”. Para além da ansiedade, o estresse físico causado pelas altas temperaturas, resultam na diminuição da serotonina, o que segundo artigo publicado pela Academia de Psicólogos, pode afetar diretamente as nossas emoções e comportamentos. Além disso, a solastalgia é outro mal, não exclusivo, mas intensificado pelas mudanças climáticas. Ela nada mais é que o sentimento de perda e luto ao ver o espaço de moradia de alguém ser destruído ou alterado.

Segundo artigo publicado pela Nature Human Behavior, presenciar eventos climáticos extremos pode nos causar danos mentais além da ansiedade. Subiram em 25% os casos de estresse pós-traumático em lugares onde eventos climáticos extremos ocorreram, é notado nesses locais o maior consumo de substâncias como álcool, além de depressão pós-parto em mães que presenciam esses eventos. Ainda segundo a Nature, existe um aumento de mortes relacionadas à emergências de saúde mental, durante os dias mais quentes (que se intensificam por conta da crise climática).

Mesmo que estejamos distantes de eventos extremos, os presenciamos de formas distintas via redes de comunicação online e offline. E claro que temos que nos informar e entender como reverter a situação do clima, mas Genebra deixa claro em como as redes sociais e o noticiário podem ser responsáveis pelo aumento de nossa ansiedade; “Evidente que quem sofre diretamente com esses eventos sente essa ansiedade de forma muito pior, mas quem está acompanhando de longe a situação também sofre muito”, afirma. Por isso destaca-se a necessidade de buscar mídias seguras de comunicação, se afastando ao máximo de fake news, sempre verificando os fatos e as fontes.

Se atentar aos sintomas de ansiedade é um passo importante para diminuir o nosso sofrimento climático individual. Segundo o artigo da Academia do Psicólogo, o calor pode causar desde irritabilidade, até mesmo desorientação. Por isso devemos entender os sintomas da ansiedade, antes que ela se manifeste de forma mais agressiva.

A ansiedade é uma resposta física e emocional comum que surge quando enfrentamos situações que podem causar medo, dúvida e expectativa. Mas, quando se torna excessiva, interferindo na vida diária , ela é vista como um transtorno. A manifestação de uma crise de ansiedade pode até mesmo ser confundida com um problema de coração, sendo os sintomas: taquicardia, tremores, sudorese, sensação de falta de ar, tontura, enjoos etc. É importante pontuar que é possível ter uma crise de forma pontual, mas quando isso se torna rotineiro, pode ser motivo de preocupação.

É claro que não é preciso esperar que seu corpo reaja à ansiedade de formas mais extremas para poder buscar ajuda. Se seus sentimentos de medo, desamparo, solidão, culpa etc. forem frequentes, excessivos e passarem a prejudicar sua vida diária, é importante buscar ajuda de um profissional da área de psicologia e outros profissionais da saúde . Outro fator importante é acompanhar a saúde mental de crianças e adolescentes, que muitas vezes demoram para conseguir um acompanhamento correto relacionado a transtornos mentais, lembrando que existem psicólogos tanto privados quanto disponibilizados pelo SUS, como no CAPS (Centro de Atenção Psicosocial), porque o cuidado à saúde mental é de interesse e direito comum a todos os cidadãos.

Porém, em artigo da Nature, podemos entender a necessidade urgente de aumentar o acesso à saúde mental ligada ao clima, para além da necessidade comum. Além disso é discutido entre alguns profissionais da psicologia a inclusão de transtornos mentais ligados diretamente ao clima ao CID (Código Internacional de Doenças).

Por isso, ao pensar crise climática, não podemos isolar o tema apenas a crise ambiental, sendo necessária uma discussão que permeia temas nas mais diversas ciências, incluindo sociais, psicológicas e culturais.