Do CHUÍ AO OIAPOQUE – Relatório inédito aponta que 91% do lixo nas praias brasileiras é plástico!

Em um estudo inédito realizado no Brasil pelo Instituto Oceanográfico da USP, em parceria com a Sea Shepherd Brasil, foi constatada a onipresença do plástico nas regiões costeiras nacionais. De forma surpreendente, as áreas isoladas e protegidas estão entre as mais afetadas pelo resíduo.

Além do chocante número de 91% dos resíduos sólidos descartados nas praias serem plásticos, também temos o dado de que 61% desse material é de uso único, como tampas de garrafa; 22% têm vida longa, como plásticos duros, e 17% são apetrechos de pesca, como linhas de nylon.

O estudo, que percorreu 306 praias do nosso litoral, também observou que a cada 2 metros quadrados de praia encontramos 10 micropartículas de plástico e um macroresíduo, sendo 1 em 12 a chance de esse macrorresíduo ser uma bituca de cigarro. A praia do Pântano do Sul, situada em Florianópolis, destaca-se como a mais poluída pelo plástico: em apenas 1 m² foram encontrados 17 resíduos e 144 partículas de microplástico.

A partir desses dados, o relatório aponta algumas recomendações para a mudança desses cenários, sendo algumas:

Nível Federal:

  • Criar políticas nacionais para reduzir plásticos descartáveis, incentivando a economia circular.
  • Fortalecer a fiscalização em áreas de proteção integral para controlar a pesca e a poluição.
  • Integrar a gestão de resíduos nos planos de manejo das UCs.
  • Acelerar a aprovação de embalagens mais sustentáveis pela Anvisa.
  • Trabalhar com agências de saneamento para implementar políticas ambiciosas.
  • Implementar a Política Nacional de Resíduos Sólidos sem atrasos e fechar lixões.
  • Capacitar prefeituras para gestão de resíduos, especialmente em cidades pequenas.
  • Incluir políticas de tratamento de resíduos em leis federais sobre águas residuais.

Nível estadual:

  • Desenvolver ou atualizar planos estaduais de gestão de resíduos plásticos, incluindo microplásticos.
  • Implementar programas para reduzir plásticos em zonas costeiras, priorizando áreas mais afetadas.
  • Estabelecer monitoramento regular para controlar a poluição nas praias.
  • Promover parcerias entre setor privado e ONGs para práticas sustentáveis e limpezas.
  • Incluir educação sobre resíduos e consumo consciente no currículo escolar.
  • Formar consórcios para resolver problemas de disposição final de resíduos.

Nível Municipal

  • Criar programas eficazes de reciclagem com financiamento de longo prazo.
  • Implementar limpezas que removam tanto resíduos visíveis quanto microplásticos.
  • Desenvolver campanhas de conscientização comunitária sobre o impacto do lixo plástico.
  • Considerar a proibição de plásticos descartáveis em estabelecimentos e eventos.
  • Inserir educação ambiental no currículo escolar.
  • Promover mutirões de limpeza com a comunidade e organizações.

À medida que vivenciamos as mudanças climáticas de forma cada vez mais frequente e intensa, os números apresentados pelo relatório devem provocar mais do que um simples choque. É necessário refletir, tanto individual quanto coletivamente, sobre as mudanças que são necessárias e viáveis para transformar esse cenário.