POR QUE NAÇÕES MENOS POLUENTES SÃO AS MAIS AFETADAS PELAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS?

Durante a COP28, na qual diversos países se reuniram para discutir ações sustentáveis para o planeta, tivemos a participação não apenas de agentes ambientais e grandes líderes, mas também de representantes de causas sociais, mostrando que a sustentabilidade e a sobrevivência do planeta estão ligadas a muito mais do que apenas acordos de carbono e consumo de energia renovável. De tantos acordos, a maioria contou com valores em dinheiro para projetos futuros, ou necessidades que há décadas já são pautas nas COPs.

O fato é que enquanto grandes potências compram “créditos” de carbono das menores, elas continuam produzindo e descartando muito mais do que o nosso planeta pode aguentar, assim causam desastres naturais nos países que, inclusive, vendem os créditos de carbono. Isso, segundo levantamento de 2023 feito pela instituição Christian Aid, que ao estudar 20 desastres climáticos do ano passado, percebeu que os países que menos contribuem com as mudanças climáticas são os que mais sofrem com elas.

A pesquisa indicou que incêndios florestais e inundações catastróficas estão afetando de maneira desproporcional aqueles com recursos limitados para a reconstrução, além de países que possuem uma contribuição mínima na crise climática. Curiosamente, essas nações, que consomem significativamente menos combustíveis fósseis em comparação com as nações mais ricas, são as mais impactadas por eventos climáticos extremos.

Ainda segundo a Christian Aid, é possível calcular o prejuízo individual das regiões afetadas por desastres. Sendo o Havaí um dos países que mais sofreu prejuízos devido às mudanças climáticas, calcula-se que a queimada que ocorreu em suas florestas no último ano pode ter custado em média U$1500,00 por pessoa na região.

Recentemente, outro caso viralizou em redes sociais, o “Rio de Roupas” em Bangladesh é mais um exemplo de como a indústria externa pode prejudicar o ecossistema de todo um país. Nos vídeos, os influenciadores mostram o que seria um caminho de um rio, tomado por roupas e resíduos têxteis de modo geral. A imagem impressiona, mas essa não é a única forma de poluição que vem impactando o país. O Rio Ganges, venerado pelo país vizinho, sofre com a intensa poluição por esgotos industriais, lixo, resíduos de fertilizantes e defensivos agrícolas, advindos da predatória indústria têxtil que se aproveita da mão de obra barata do local.

Além dos problemas com acesso a água potável, perda de bens e outros desafios econômicos, a crise climática já está impactando os países geograficamente! É previsto que megacidades se tornarão inabitáveis em breve, e alguns países, como Indonésia e Egito, já estão planejando mudar suas capitais devido a eventos climáticos intensos.

“As cidades mais insustentáveis ​​são Kinshasa, Nairóbi, Lagos, Dhaka, Bagdá, Lahore, Calcutá e Nova Délhi, que também aumentarão sua população em 50% até 2050″ – Ecológicas do Instituto de Economia e Paz

É crucial lembrar que muitos dos países impactados por desastres, como a Indonésia, possuem vastas reservas florestais e hídricas, fundamentais para a sustentabilidade dos acordos ambientais e para a própria vida no planeta. Portanto, é essencial repensar a economia e nossa posição em relação às grandes potências, pois não haverá crédito de carbono se as florestas forem destruídas ou se o país enfrentar inundações catastróficas. É necessário estar ciente e apoiar, mesmo que individualmente, as economias menores, defendendo também as riquezas naturais que garantem o futuro da Terra!