Microplástico e seus danos potenciais à saúde

Microplásticos são partículas de até 5mm de plástico, essas partículas podem ser produzidas nesse tamanho, ou se formam da fragmentação do lixo plástico. O problema do microplástico é o tamanho, hoje ele pode estar presente até mesmo em nossa corrente sanguínea segundo estudo de LESLIE et al. (2022) publicado na revista “Environmental International“. 

Conforme estudo no maior mercado pesqueiro de Xangai na China, em 9 espécies de bivalves, animais filtradores, o microplástico estava presente em 100% das amostras coletadas. A pesquisadora brasileira Anne Justino, também aponta a presença de microplástico no organismo do Atum, por exemplo. 

Diversos animais marinhos podem fazer parte da nossa alimentação, e acabamos contaminados quando os consumimos. Mas a nossa possibilidade de contaminação, vai além de animais marinhos! 

Segundo Lieberzeit e Lieberzeit, o microplástico está presente em 24 marcas de cervejas alemãs, açúcar, mel e até mesmo no sal, onde o microplástico foi encontrado em  amostras de sal marinho de marcas chinesas. O estudo de Lieberzeit é local, mas pode ser exemplo para o mundo todo. 

Agora não existe mais a concepção de que apenas o consumo de animais marinhos pode nos contaminar com microplástico, segundo artigo brasileiro “Atmospheric microplastic fallout in outdoor and indoor environments in São Paulo megacity” publicado no periódico “Science of The Total Environment”, o ar de São Paulo já possui microplástico em suspensão, tornando possível que nós respiremos o material. 

Como o microplástico afeta a nossa saúde? 

Infelizmente ainda são poucas as pesquisas que demonstram o impacto das micropartículas de plástico em nosso organismo, porém estudos com outros seres podem nos dar ideia de possíveis reações negativas do nosso corpo ao polímero. 

Em pesquisa coordenada por Kalcikovpa et al com a espécie Lemma Minor (Lentilha aquática), foi notado uma redução considerável no comprimento da raiz da planta quando expostas por 7 dias a microesferas de plástico extraídas de produtos cosméticos. 

Já em estudos conduzidos por pesquisadores espanhóis Espinosa, Cuesta e Esteban no peixe comercial Sparus Aurata exposto ao microplástico, foi comprovada a alteração na imunidade do animal, além de danos ao fígado e rins. Quando o plástico é consumido de maneira não digestiva, como cutânea (através da pele) ou outras vias respiratórias, ele pode ficar por períodos prolongados no organismo do animal, podendo causar ainda mais impacto. 

Outra habilidade do microplástico, apontada em estudos de Napper et al, é a de absorver substâncias hidrofóbicas, ou seja, que não “sobreviveriam” ao contato com a água. De certa forma, essa partícula de plástico é capaz de preservar a substância, levando-a para diversos espaços que sem o plástico elas não alcançariam, inclusive possibilitando a ingestão dessas substâncias por seres vivos.  

Essas substâncias podem ser, por exemplo, metais pesados e outros químicos altamente tóxicos. Os pesquisadores Wright e Kelly alertam que elas podem ser cancerígenas e também geram perturbações ao sistema endócrino. A pesquisa de Cox et al, de 2019 complementa, dizendo que, em contato com o intestino, o microplástico pode liberar monômeros constituintes, que levam a deficiências fisiológicas. 

Em resumo, o microplástico em contato com organismos vivos tem o potencial de causar diversos danos à saúde, desde câncer, até atividade reprodutiva prejudicada, diminuição de resposta imunológica e deformidades. 

É assim que um objeto de menos de 5 milímetros pode afetar a vida na terra permanentemente, causando efeitos adversos, muito além do que podemos imaginar. As pesquisas desses efeitos ainda estão acontecendo, mas uma coisa é certa, o microplástico com certeza é prejudicial a vida na terra! 

Texto escrito por Yara Oliveira

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