Como o lixo prejudica a biodiversidade no Brasil

A produção e gestão de lixo é um dos maiores problemas ambientais que o mundo enfrenta atualmente, e o Brasil não é exceção. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, cerca de 40% dos resíduos sólidos urbanos no Brasil não são coletados de forma adequada, o que significa que eles são despejados em lixões a céu aberto ou em áreas impróprias.

Os impactos do lixo na biodiversidade são muitos e podem afetar os ecossistemas terrestres e aquáticos. Quando o lixo é despejado em rios, lagos e oceanos, ele pode causar danos à vida marinha, afetando a reprodução, alimentação e migração de animais, além de causar o acúmulo de poluentes em seus corpos. Além disso, o lixo jogado nas ruas e em áreas verdes pode ser ingerido por animais, como aves e mamíferos, causando doenças e mortes.

No Brasil, o problema do lixo é agravado pela falta de infraestrutura para a coleta e tratamento de resíduos. Muitas cidades ainda não possuem aterros sanitários adequados, e o lixo é despejado em lixões, que não têm proteção adequada contra a contaminação do solo e da água. De acordo com o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2021, publicado pela Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais), o Brasil possui cerca de 2.792 lixões e aterros controlados em operação, ou seja, locais onde os resíduos são dispostos de forma inadequada, muitas vezes a céu aberto, sem medidas de proteção ambiental e saúde pública ideais. Além disso, a reciclagem ainda não é uma prática comum no país, o que aumenta a quantidade de lixo que é despejado em aterros e lixões, também segundo a Abrelpe em pesquisa de 2019, apenas 3%  das 79 milhões de toneladas de lixo geradas no Brasil, foi reciclado.

“O acúmulo de lixo em rios e praias é uma das principais ameaças à fauna aquática brasileira. Animais marinhos podem ingerir plástico e outros materiais descartados inadequadamente, levando à obstrução do trato gastrointestinal e morte” –  Instituto Oceanográfico da USP.

Segundo um estudo do Instituto Oceanográfico da USP, 80% do lixo encontrado no oceano é de origem terrestre, ou seja, é descartado em áreas costeiras e levado pelas correntes marinhas. E é esse lixo que causa diversos impactos negativos no bioma marinho, como a morte de animais por ingestão de plástico e a contaminação de alimentos.

Aves marinhas que vivem no litoral do Brasil são afetadas pela ingestão de lixo, como plásticos, pedaços de metal e linhas de pesca. Segundo um estudo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 87% das aves encontradas mortas na região do Atlântico Sul tinham lixo em seus sistemas digestivos.

Já em terra, uma pesquisa feita pela Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE), mostra que cerca de 475 milhões de animais silvestres são mortos todos os anos nas estradas brasileiras. Muitos desses animais são atraídos pela comida encontrada no lixo jogado nas margens das rodovias.

 

Para combater o problema do lixo e preservar a biodiversidade, são necessárias soluções abrangentes e integradas. Uma das medidas mais importantes é a educação ambiental, que pode ajudar a conscientizar a população sobre a importância de reduzir, reutilizar e reciclar resíduos. Campanhas de conscientização e educação ambiental são realizadas em todo o país para incentivar a população a reduzir a produção de lixo e descartar os resíduos corretamente. Em 2020, o Ministério do Meio Ambiente lançou a campanha “Cada vez mais limpo”, que tem como objetivo conscientizar a população sobre a importância da coleta seletiva e da destinação correta dos resíduos.

Outra medida importante é a fiscalização e punição de empresas e indivíduos que despejam lixo ilegalmente em áreas protegidas e ecossistemas sensíveis. A Lei de Logística Reversa, aprovada em 2010, estabelece que empresas e fabricantes devem ser responsáveis pelo recolhimento e destinação adequada de resíduos de seus produtos, como embalagens e eletrônicos, e é necessário mais rigidez na aplicação da lei.

É preciso reciclar muito mais que 3%! A Política Nacional de Resíduos Sólidos, instituída pela Lei nº 12.305/2010, estabelece a meta de que o Brasil deve atingir uma taxa de reciclagem de 22,5% dos resíduos sólidos urbanos até o ano de 2031. Além disso, a lei prevê a criação de programas de coleta seletiva e a responsabilização compartilhada entre governo, setor empresarial e sociedade para a gestão adequada dos resíduos sólidos.

O lixo representa uma das maiores ameaças à biodiversidade, tanto no Brasil quanto em todo o mundo. Nesse sentido, é crucial que governos, empresas e indivíduos se unam em uma só voz para enfrentar esse problema e proteger a preciosa biodiversidade do nosso país. Somente por meio da implementação de soluções abrangentes e integradas, poderemos minimizar o impacto do lixo e construir um futuro verdadeiramente sustentável para todos. Juntos, podemos fazer a diferença e preservar a beleza e a vitalidade da nossa natureza.

Texto escrito por Yara Oliveira

Seja você também a Voz dos Oceanos!

Nos acompanhe nas redes sociais:

Instagram | Tiktok | Facebook | YouTube | LinkedIn