Projetos que visitamos: O que mudou em um ano

Em um ano de expedição, a Voz dos Oceanos passou por muitos projetos legais, especialmente no Brasil! Resolvemos então revisitar algumas ongs pelas quais passamos para não só saber da sua evolução, mas também matar saudades dessa galera engajada. 

Um ano pode fazer muita diferença, e desde o dia que o Kat parou no litoral paulista e conheceu a galera do SurfLimpeza, o projeto evoluiu muito!  

O SurfLimpeza existe desde 2017, o projeto mistura esporte, educação e ação ambiental. Promovendo coleta de lixo na praia. O mais legal é que os voluntários podem usar pranchas de Stand Up Paddle durante a ação e todo o plástico recolhido é separado e pode ser usado para construir novos objetos, normalmente, decoração artística. 

Segundo Daniel, porta do SurfLimpeza nessa entrevista, a Voz dos Oceanos ajudou a iniciativa a ter mais seguidores no Instagram aumentando a visibilidade deles, e com isso aconteceu um fortalecimento social.  

O projeto faz parte do FMPRMA (Fundo Municipal de Preservação e Proteção do Meio Ambiente de Santos) e nesse ano já estão na preparação para um novo ponto, agora na praia do Embaré com a aprovação no FMPRMA.  

Daniel conta que já vê diferença na comunidade em resposta ao SurfLimpeza:
“…Os ambulantes com um olhar mais atencioso, frequentadores com mais cuidados com aquele ambiente, turistas mais informados” 

Claro que o projeto ainda vê muito trabalho pela frente, e pretende se reunir com universidades para envolver o poder público, buscar tecnologia para melhoramento de dados e produção de novas alternativas. 

Saindo do Sudeste e indo lá para o Nordeste, a Juliana da ong Bio Patas teve uma experiência parecida com a passagem do veleiro Kat. A visibilidade que a nossa visita gerou, aumentou o número de doações de resíduos para seu projeto. 

A iniciativa Bio Patas começou em 2020. Juliana até então, cuidava de animais de rua, mas com a pandemia se viu sem recursos, foi quando teve a ideia de trabalhar com recicláveis! 

Filha de pescadores, Juliana é idealizadora do projeto, faz coleta e a venda de resíduos plásticos em Luís Correia, no Piauí. Com a renda, financia a castração de gatos e cachorros de rua para prevenir infecções uterinas e câncer de mama, melhorar o comportamento do animal, evitar proliferação de doenças e reduzir os animais nas ruas.  

Bio Patas tem parceria com hotéis e restaurantes que se tornaram pontos de coleta de lixo plástico. A cada 500 kg, o Bio Patas consegue bancar a castração de um animal em clínicas parceiras localizadas na cidade de Parnaíba, que fica a 12 km de Luís Correia. 

Juliana destaca como projetos assim, às vezes, não são valorizados pela comunidade local e é necessário um olhar externo para que haja essa valorização e foi algo que a passagem do veleiro proporcionou a ela. 

A ong já tirou muitos animais da rua e Juliana já sente diferença em seu meio. Agora seu grande objetivo para os próximos passos é entender esse projeto para pessoas, ajudando famílias menos favorecidas. 

Voltando para o sudeste, o Projeto Marulho também tem boas histórias para contar nesse um ano! 

A iniciativa é dos jovens oceanógrafos, Bia Mattiuzzo e Lucas Gonçalves, que se mudaram para Ilha Grande em 2019 para trabalhar com turismo e pesquisa. A dupla notou que havia muita rede de pesca descartada na região e a partir deste material criaram o produto REDECO, bolsas e sacolas feitas dessas redes recuperadas que deram vida aos produtos sustentáveis da Marulho. A REDECO é uma alternativa para o uso das sacolinhas de plástico e podem ser usadas de diferentes formas. 

Além da iniciativa ajudar no combate da poluição plástica dos mares e no problema da pesca fantasma, o projeto valoriza a cultura caiçara e traz inclusão social para comunidade local ao promover remuneração dessas pessoas através de parcerias nas produções artesanais da Marulho.  

A visita do Kat foi um momento muito importante para a inciativa, e segundo a Bia, surgiu no momento ideal, no qual o projeto estava mais estruturado e pronto para ganhar visibilidade. A Voz dos Oceanos, segundo ela, foi um reconhecimento incrível, que deu ainda mais energia para o projeto. Desde então o projeto cresceu e agora conta com mais pessoas da comunidade na inciativa, especialmente mulheres.  

Ainda sobre o desenvolvimento do projeto, Bia destaca o sucesso nas interceptações das redes de pesca, que saíram de 500 quilos em 2021, para uma previsão de mais de uma tonelada nesse ano de 2022. A renda gerada também aumentou, de 75 mil reais em 2021, para 150 mil reais direto para a comunidade nesse ano!  

O retorno da comunidade tem sido positivo, a mudança no olhar sobre a rede de pesca, e também valorização do conhecimento tradicional caiçara. Mas Bia destaca que a maior mudança nem é diretamente ligada ao projeto, mas sim à união da comunidade local. 

Para o futuro, Bia quer replicar o Projeto Marulho para outros lugares “Quem saber até ter um veleiro itinerante”, levando a inciativa mais longe, causando a capacitação de mais pessoas e desenvolvimento territorial. 

Tem muita gente fazendo a diferença e esses projetos incríveis são a prova disso. Foi uma super honra poder estar com essas personalidades que são fonte de inspiração para nós da Voz dos Oceanos. Estamos juntos nessa e contem sempre com a gente!  

Texto escrito por Yara Oliveira